A União Europeia: um objetivo de paz e união
Depois de duas grandes guerras que devastaram a Europa no século XX, muitos líderes europeus começaram a sonhar com um continente unido, onde os países trabalhassem juntos em paz e harmonia. Acreditava-se que, se os países fossem economicamente mais interdependentes, seria menos provável que entrassem em conflito entre si.
Então, em 1950, começou o projeto europeu com a criação da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA). Esta foi uma organização que juntou seis países: Alemanha, França, Itália, Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo. O objetivo era simples: partilhar recursos de carvão e aço, que eram vitais para a indústria e para a guerra. Ao partilhá-los, estes países esperavam criar laços mais fortes e evitar novas guerras.
O objetivo concretizou-se e, ao longo dos anos, estes seis países decidiram cooperar em ainda mais áreas. Em 1957, assinaram o Tratado de Roma, que criou a Comunidade Económica Europeia (CEE). Esta organização tinha como objetivo criar um "mercado comum", onde bens, serviços, pessoas e dinheiro pudessem circular livremente entre os países membros.
Com o tempo, mais países juntaram-se a esta união e começaram a cooperar em muitas outras áreas, como o ambiente, a pesquisa científica e os direitos dos cidadãos. Em 1993, a CEE transformou-se na União Europeia com o Tratado de Maastricht, representando uma cooperação ainda mais profunda entre os países membros.
Hoje, a União Europeia é uma família de 27 países que trabalham juntos para promover paz, prosperidade e valores comuns como democracia, direitos humanos e liberdade. Possui uma moeda comum, o euro, usado por 19 destes países, e permite a circulação, o trabalho e a residência de cidadãos em qualquer país membro.
O sonho de um continente unido, que começou após as tragédias das grandes guerras, transformou-se numa realidade que beneficia milhões de europeus todos os dias.
Quais os objetivos e as consequências dos diversos tratados europeus?
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Objetivos: Estabelecer a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA) para integrar as indústrias de carvão e aço de seis países europeus.
Consequências: Promoveu a cooperação económica e reduziu o risco de conflito entre os membros. Lançou as bases para uma Europa integrada.
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Objetivos: Criar a Comunidade Económica Europeia (CEE) e a Comunidade Europeia da Energia Atómica (Euratom).
Consequências: Estabeleceu um mercado comum, incentivando o livre comércio e a livre circulação de bens, serviços, capital e trabalho. A Euratom promoveu a cooperação na energia nuclear.
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Objetivos: Reformar os tratados existentes e estabelecer o objetivo de concluir o mercado interno.
Consequências: Eliminou muitas barreiras físicas, técnicas e fiscais ao comércio, reforçando a integração económica.
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Objetivos: Estabelecer a União Europeia e lançar as bases para uma moeda única, o euro.
Consequências: Introduziu a cidadania da UE e expandiu a cooperação da UE para novas áreas, como justiça, segurança e política externa. Também estabeleceu critérios económicos e financeiros estritos para os países que desejavam adotar o euro.
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Objetivos: Reformar a estrutura institucional da UE e preparar-se para o alargamento futuro.
Consequências: Reforçou a política de emprego, melhorou a proteção dos direitos dos cidadãos e expandiu a cooperação em assuntos internos e justiça.
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Objetivos: Preparar a UE para o alargamento, reformando a composição da Comissão Europeia e a ponderação dos votos no Conselho.
Consequências: Facilitou o processo de alargamento, permitindo que mais países se juntassem à UE.
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Objetivos: Tornar a UE mais democrática, eficiente e transparente. Reforçar o papel do Parlamento Europeu e introduzir a figura do Presidente do Conselho Europeu.
Consequências: Deu aos cidadãos maior influência na legislação da UE e consolidou a política externa da UE sob um Alto Representante.
Os tratados da UE visaram promover a integração e cooperação entre os Estados-membros, reforçar os valores democráticos e garantir um funcionamento mais eficiente e eficaz da União. A cada novo tratado, a cooperação expande-se para novas áreas e os países membros comprometem-se a trabalhar juntos por objetivos comuns.
Quais os principais orgãos de decisão na União Europeia?
A União Europeia (UE) é composta por vários órgãos e instituições, cada um com funções específicas.
Estas instituições trabalham em conjunto para criar e implementar políticas da UE, garantir a aplicação das leis europeias e representar a UE a nível internacional. A sua interação é guiada pelos princípios da cooperação, consulta e co-decisão.
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Função: Órgão executivo da UE. Propõe legislação, garante a implementação das políticas e decisões da UE e supervisiona a aplicação do direito europeu.
Composição: Uma comissária ou comissário de cada Estado-membro, incluindo o Presidente da Comissão.
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Função: Órgão legislativo. Debate e aprova legislação europeia, juntamente com o Conselho da UE. Supervisiona outras instituições da UE e adota o orçamento da UE.
Composição: Deputados ao Parlamento Europeu (eurodeputados) eleitos diretamente pelos cidadãos dos Estados-membros.
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Função: Órgão legislativo e de decisão. Juntamente com o Parlamento Europeu, adota legislação e coordena políticas.
Composição: Ministros dos governos dos Estados-membros. A composição muda de acordo com o tema discutido (por exemplo, ministros da educação reúnem-se para discutir assuntos educativos).
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Função: Define as prioridades e a direção geral da UE.
Composição: Chefes de Estado ou de Governo dos Estados-membros, o Presidente do Conselho Europeu e o Presidente da Comissão Europeia.
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Função: Garante a interpretação e aplicação uniformes do direito europeu.
Composição: Juízes e advogados nomeados pelos Estados-membros.
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Função: Responsável pela política monetária da zona euro e pela emissão de euros.
Composição: Diretoria e conselhos governamentais, com representantes dos bancos centrais nacionais dos países da zona euro.
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Função: Auditoria das finanças da UE para garantir que os fundos sejam usados de forma eficaz e transparente.
Composição: Membros nomeados pelos Estados-membros.
Como são eleitos os representantes nacionais nos orgãos de decisão da União Europeia?
A representação dos Estados-membros nos órgãos de decisão da União Europeia reflete o caráter intergovernamental e supranacional da UE.
Em termos de processos de decisão, é importante destacar que muitas decisões na UE requerem um consenso ou, pelo menos, uma maioria qualificada, especialmente no Conselho da UE. A "maioria qualificada" é um sistema de votação que leva em consideração tanto o número de Estados-membros a favor de uma proposta quanto o tamanho da respetiva população. Este sistema é usado para garantir que as decisões refletem tanto o equilíbrio entre os Estados-membros quanto o peso demográfico.
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Representação: Os cidadãos dos Estados-membros estão representados no Parlamento Europeu por meio de deputados ao Parlamento Europeu (eurodeputados).
Sistema Eleitoral: Os eurodeputados são eleitos diretamente pelos cidadãos de cada Estado-membro a cada cinco anos. O número de eurodeputados por país é aproximadamente proporcional à sua população, mas todos os países têm um mínimo garantido de assentos.
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Representação: Cada Estado-membro está representado por um ministro, cuja área de competência corresponde ao ponto da agenda (por exemplo, assuntos externos, agricultura, economia).
Sistema Eleitoral: Não há eleições diretas para o Conselho da UE pois os representantes são os chefes dos governos nacionais dos Estados-membros.
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Representação: Os líderes (primeiros-ministros ou presidentes) de todos os Estados-membros, juntamente com o Presidente do Conselho Europeu e o Presidente da Comissão Europeia.
Sistema Eleitoral: Os membros são líderes dos seus respetivos países, escolhidos através dos sistemas eleitorais nacionais. O Presidente do Conselho Europeu é eleito pelos líderes dos Estados-membros para um mandato de dois anos e meio, renovável uma vez.
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Representação: Cada Estado-membro nomeia um comissário para a Comissão Europeia. Juntos, formam o "Colégio de Comissários".
Sistema Eleitoral: Os comissários são nomeados pelos governos nacionais e, em seguida, são aprovados pelo Parlamento Europeu após audições. O Presidente da Comissão é proposto pelos membros do Conselho Europeu e eleito pelo Parlamento Europeu.
E se Portugal não fizesse parte da União Europeia, alguém se arrisca a adivinhar como seria?
Nem a mais certeira bola de cristal arriscaria a adivinhar.
Prever como seria Portugal sem a adesão à União Europeia é uma tarefa especulativa, mas é possível destacar alguns cenários possíveis baseados em tendências, contextos históricos e comparações com países que não aderiram.
A realidade poderia ser uma mistura de resultados positivos e negativos, e muitos outros fatores externos e internos também influenciariam o caminho de Portugal. Porém, hoje é, maioritariamente, unanime que a adesão à UE trouxe a Portugal modernização, integração e oportunidades que moldaram o país nas últimas décadas.
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Sem os fundos estruturais e de coesão da UE, Portugal poderia não ter conseguido modernizar as infraestruturas (rodovias, aeroportos, telecomunicações) tão rapidamente na década de 90 e 2000.
O tecido industrial nacional poderia enfrentar mais desafios sem o acesso privilegiado ao mercado único europeu, especialmente em relação às exportações.
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Sem os subsídios da Política Agrícola Comum da UE, a agricultura portuguesa poderia ter tomado um caminho diferente, talvez com menos modernização em algumas áreas, mas sem imposição de restrições à produção.
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Portugal poderia não ter adotado o euro. Isso poderia oferecer mais flexibilidade na política monetária, mas também poderia expor o país a crises cambiais e falta de confiança dos investidores.
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A UE exerce pressão sobre os Estados-membros para manterem padrões democráticos, direitos humanos e Estado de direito. Sem essa pressão, poderia ocorrer um contexto diferente para a evolução política e institucional.
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Portugal poderia ter um papel diferente no cenário internacional, principalmente no que se refere aos países de língua portuguesa e outras ex-colónias.
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A livre circulação na UE facilitou a mobilidade de portugueses para trabalhar, estudar e viver em outros países europeus. Sem a adesão à UE, a diáspora portuguesa poderia ter características diferentes.
O país poderia não ter sido tão exposto a diversas influências culturais europeias, moldando uma identidade ligeiramente diferente.
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Programas como o Erasmus, que permitiu a estudantes portugueses estudar no estrangeiro, não estariam disponíveis. A colaboração académica e de investigação poderia ser mais limitada.